Aproxima-se rapidamente a quadra de Natal, tempo histórico para todos quantos se revêm no cristianismo.
É um período de cada ano consagrado à família, aos valores espirituais, à amizade e à tolerância. È tempo do menino Jesus, é tempo de recordarmos a nossa meninice ou, para a esmagadora maioria, poder rever esse ambiente de fantasia espelhado nos rostos de filhos e ou netos.
Respira-se um ambiente de nostalgia como, simultaneamente, um ambiente de esperança.
De esperança num futuro melhor para nós e para os nossos.
De esperança numa maior fraternidade consolidada nesse valor inalienável que é a amizade.
De esperança num novo tempo de paz em que um Homem olhe para um outro Homem como um seu semelhante.
De esperança em poder acreditar que estamos de bem com nós próprios e com os que nos são próximos.
Pena que não seja Natal sempre que um Homem queira e apenas o seja nas datas agendadas pelos gurus do consumismo.
Permitam-me citar António Gedeão no seu poema “É noite de Natal”:
“Mas a maior felicidade é a da gente pequena. Naquela véspera santa a sua comoção é tanta, tanta, tanta, que nem dorme serena.
Cada menino abre um olhinho na noite incerta para ver se a aurora já está desperta. De manhãzinha, salta da cama, corre à cozinha mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda macieza da matutina luz aguarda-o a surpresa do Menino Jesus.
Jesus o doce Jesus, o mesmo que nasceu na manjedoura, veio pôr no sapatinho do Pedrinho uma metralhadora.
Que alegria reinou naquela casa em todo o santo dia! O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas, fuzilava tudo com devastadoras rajadas e obrigava as criadas a caírem no chão como se fossem mortas: tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está! E fazia-as erguer para de novo matá-las. E até mesmo a mamã e o sisudo papá fingiam que caíam crivados de balas.”
Bom e feliz Natal e que o novo ano traga a todos nós o que de melhor houver.
20 de dezembro de 2015