Realizaram-se nos passados dia 29 e 30 de maio dois eventos de relevante interesse para quem investiga ou procura mais conhecimento sobre a Guerra do Ultramar que aconteceu entre 1961 e 1974.
Tratou-se de uma perspetiva analisada na vertente Força Aérea, mas que o caráter cientifico, por um lado, e a vertente empírica, por outro, consolidam opiniões e contribuem para a história de um assunto tão mal-amado pela atual geração política liderante.
Do que temos, há uns que ficam mal na história desde o período de pré-subversão, outros, ditos mais liberais e menos comprometidos com o “passado”, envergonham-se, agitam-se, enervam-se e evitam o debate e, mesmo até a abordagem do tema. Renegar as verdades históricas, assumidas por um povo e pelo povo, é o cenário mais cobarde de quem gere ou se propõe gerir um país que, não por acaso, é uma Nação.
A Guerra do Ultramar existiu! E, na dúvida, perguntem às famílias portuguesas.
Subsistindo a dúvida, nada melhor do que perguntar aos nativos então “subjugados”.
A revista Mais Alto, sob a Direção do Tenente General Alfredo Cruz, propôs-se a um debate sobre as seguintes temáticas divididas por três painéis:
1º Painel | moderador Cor Carlos Macário
TGen Alfredo Cruz
Gen Lemos Ferreira
TCor João Rosa
2º Painel | moderador TGen Fidalgo Ferreira
TGen Victor Morato
Cor João Caldas
TCor João Carita
3º Painel | moderador TGen António Bispo
TGen Luís Figueiredo
TCor Fernando Rocha
Cor João Vicente
Temas de importância relevante mas, que em apenas uma tarde, se tornam em assuntos pouco significativos. Se por um lado o primeiro painel se debruçou sobre o passado é nesse mesmo que se faz uma transição para a Força Aérea Portuguesa moderna instigada pelo General José Lemos Ferreira.
Temáticas que certamente mereceriam uma maior amplitude temporal para o debate e, por que não, para a apresentação de artigos científicos sobre as diferentes perspetivas que não só o empirismo.
O João Carlos Silva, Vice-presidente da AEFA, acompanhou os trabalhos a convite do Chefe de Estado Maior da Força Aérea.
Já no auditório do Estado Maior da Força Aérea, em Alfragide, e no dia 30 de maio, a AEFA foi convidada para a apresentação do livro Plano de Voo África – O poder aéreo português na contrassubversão 1961-1974, da autoria do Professor John Cann.
A AEFA fez-se representar pelo seu Presidente Nacional, Paulo Castro, e pelo Presidente Adjunto Nacional Artur Alves da Silva.
Com uma primeira intervenção de Sua Excelência o CEMFA, General Manuel Teixeira Rolo. Foi sendo apresentada a obra do Professor e antigo oficial da marinha americana. Contudo não deixamos passar em claro uma passagem da intervenção de Sua Excelência o CEMFA onde diz a dado passo: “A Força Aérea teve o que de melhor se poderia ter ou esperar de uma geração de pessoal voluntário, pilotos e especialistas. A vivência operacional e o cumprimento da missão, o ambiente de trabalho e as relações humanas, fizeram transpirar para fora das fileiras um ambiente único de pertença, de qualidade, de serviço, e de aventura e irreverência contidas, que ainda hoje são motivo de atração e orgulho”.
A AEFA sentiu-se orgulhosa por estas palavras, mas também por ser citada no inicio da intervenção do CEMFA.
O Tenente General António Bispo fez a apresentação da obra de Jonh Cann numa abordagem perfeita sobre o pensamento do investigador norte-americano que dedicou muita da sua pesquisa ao comportamento dos portugueses na Guerra do Ultramar. A obra, agora traduzida para português, faz uma abordagem científica e exaustiva da nossa presença nos três teatros de operações em África. Começa com um enquadramento geopolítico notável que, só por si merece leitura atenta. Ao longo das suas 623 páginas o autor faz-nos rever e assimilar o que fizemos, como fizemos, por que fizemos e como bem fizemos.
Plano de voo África – O poder aéreo português na contrassubversão 1961-1974
Autor: John Cann
Tradução: J. Teixeira de Aguilar
Edição: Comissão Histórico Cultural da Força Aérea
ISBN – 978-972-99933-8-1
Lisboa, maio de 2017
Tiragem. 1000 exemplares
02 de junho de 2017