Na voragem do tempo eis que nos encontramos na quadra natalícia.
Tempo da família, dos amigos, de relembrar aqueles que nos deixaram com saudade.
Tempo de nos introspetarmos no sentido de avaliarmos o que foi para cada um de nós este ano. Onde estivemos mal, onde estivemos bem e mesmo até onde poderíamos ter sido melhores. Certamente que cada um sabe de si e com toda a veemência poderemos dizer que não foi igual para todos.
Sabemos que foi um ano socialmente difícil para todos os portugueses. Direta ou indiretamente. Cada um terá sofrido à sua maneira os trágicos acontecimentos que abalaram o nosso país com uma ceifa de vidas indigna.
Contudo o tempo – que quase tudo cura – encarrega-se de mitigar o sofrimento, de permitir que consigamos serenidade e clarividência para com a realidade. O tempo, no seu conceito de espaço, permite-nos até que possamos encontrar datas, como a que vivemos, que nos permitem direcionar os nossos pensamentos para uma época de festa, de festa da família por muito que ela seja curta ou extensa.
Convenhamos que é tempo de festa, tempo de alegria, mas que certamente para muitos de nós uma alegria contida. Uma contenção que se quer com um forte enfoque no futuro e menos no passado. Como quem quer dizer, uma alegria contida.
É período de Natal, é o tempo das crianças, dos nossos filhos, netos e bisnetos.
Paralelamente é tempo do perdão e do agradecimento.
Ou como escreveu Ramalho Ortigão numa crónica sobre o Natal Minhoto:
“O Natal é a festa das lágrimas para todos aqueles para quem ele não é a festa da inexperiência. E, todavia, pensavam alguns que era útil não deixar de a celebrar. Que importa que o número ou que o nome dos convivas varie em cada ano? Que importa que alguns amados velhos faltem ao banquete? Que importa que nós mesmos faltemos para o ano que vem na festa dos mais novos?
Esta noite de alegria para as crianças será sempre de alguma saudade para os adultos. Assim teremos a esperança terna de sobreviver, por algum tempo, na lembrança dos que amamos — uma boa vez ao menos, de ano a ano.”
Vivamos dia-a-dia, mês a mês, ano a ano.
Para toda a família Especialista votos de Bom Natal, Bom Ano e Saúde e alegria de viver.
Paulo Castro
Presidente
21 de dezembro de 2017